volúpia azul

28 junho 2005

A fúria do açúcar


O russo apanhou a duchesse com o esquimó na cama de fios de ovos.
Ficou louco de ciúme ao ver que o esquimó lhe mordiscava uma orelha. O russo perdeu as estribeiras e enfureceu-se: subiu à pirâmide de chocolate e num éclair saltou sobre o pobre esquimó, partindo-lhe uma tíbia e acabando por lhe arrancar um rim.
A duchesse, apavorada, estrebuchava espargindo chantilly por todo o lado.
Num sublime acto de vingança, o russo pegou no travesseiro e tentou asfixiá-la.
O são marcos apercebeu-se e ainda tentou salvá-la lançando-se contra o russo, mas este esborrachou-o de um só golpe de alto a baixo.
Convencido de que não era nenhum pastel de nata, o indignado alsaciano também atacou. Enrolaram-se alsaciano e russo, enquanto a finória duchesse se recompunha, alinhando os seus fios de ovos e os pedacinhos de ananás.
No meio de tanta confusão já havia açúcar em pó pelo ar, bocados de creme, e até começaram a voar mil-folhas por todo o lado.
O jesuíta ainda tentou apanhá-las para recompor as coisas mas o caos estava instalado. A madalena chorava babá e ranho, e o queque, apesar de toda aquela comoção, demonstrava uma irritante indiferença.
A coisa estava mesmo torta e não se pode dizer que estivessem a passar um bom bocado.
Nisto, o russo e o alsaciano caíram na taça das trouxas de ovos. O russo amoleceu com a calda de açúcar e o alsaciano, desejoso da sua recompensa, chegou-se à duchesse.
Ela abraçou-o reconhecida e ele transformou-se numa delícia de ananás.