28 setembro 2006
13 julho 2006
Idiossincrasias (V)
Ultimamente andava muito nervoso.
Abriam-se-lhe as páginas sem querer.
A lombada ficava cada vez mais flácida.
Receava que as suas linhas causassem reacções adversas.
Angustiava-o a possibilidade de que alguma pessoa não gostasse dele.
Mas, sobretudo, temia que o lessem na diagonal: enjoava facilmente.
Era defintivamente uma edição velhinha do Livro do Desassossego.
Abriam-se-lhe as páginas sem querer.
A lombada ficava cada vez mais flácida.
Receava que as suas linhas causassem reacções adversas.
Angustiava-o a possibilidade de que alguma pessoa não gostasse dele.
Mas, sobretudo, temia que o lessem na diagonal: enjoava facilmente.
Era defintivamente uma edição velhinha do Livro do Desassossego.
30 junho 2006
Perspectivas
Num planeta muito, muito distante as moscas divertem-se a fazer pontaria à figurinha do ser humano impressa no fundo do urinol.
Pscchhhh...
E de vez em quando riem-se e dizem «em cheio no homem».
Pscchhhh...
E de vez em quando riem-se e dizem «em cheio no homem».
29 de Junho de 1986, 10.30
Passaram vinte anos. Assim. Sem mais. Num ápice.
E a memória dissipa-se numa estranha saudade.
E a memória dissipa-se numa estranha saudade.
27 junho 2006
Idiossincrasias (IV)
Algures na Paris seiscentista:
- Eh pá! Arranjei trabalho numa companhia de teatro. Vamos representar Molière.
- Molière?! Cuidado que esse gajo tem pancada...
- Eh pá! Arranjei trabalho numa companhia de teatro. Vamos representar Molière.
- Molière?! Cuidado que esse gajo tem pancada...
03 maio 2006
27 março 2006
Idiossincrasias (III)
Os retratos não tinham muita paciência para a fotografia aérea.
Achavam-na demasiado distraída...
Achavam-na demasiado distraída...
A mosquinha siciliana
O moscardo mafioso espumava de raiva.
A traição da mosca parecia-lhe intolerável.
Olhou-a com desdém; beijou-a e disse:
«- És uma mosca morta».
A traição da mosca parecia-lhe intolerável.
Olhou-a com desdém; beijou-a e disse:
«- És uma mosca morta».
Sou co... sou coreografista, sou co... sou corimata
Pensou o ouvinte ao ler nas entrelinhas as vozes dos velhos amigos...
16 fevereiro 2006
Hábitos que nem sempre fazem o monge
Em resposta ao desafio dos dias maiores:
1 - Costumo dedilhar guitarras e tocar pianos imaginários, como se participasse numa banda sonora sem som nem instrumentos.
2 - Distraio-me a observar os outros na rua ou nos transportes ou em salas de espera, quase compulsivamente. Construo histórias sobre quem são, o que são, de onde vêm, para onde vão. Sobretudo se os outros forem giras...
3 - Tenho uma desconfiança imediata em relação às multidões. As multidões são estúpidas, já se sabe. E por isso tenho medo de fazer parte delas.
4 - Não gosto de misturar espaços físico-psicológicos: faz-me impressão ver alguém de roupão e pantufas no meio da rua, não gosto de andar com os sapatos da rua em casa.
5 - Esforço-me por desenvolver metodologias para quase tudo, mas raramente consigo pô-las em prática. Sinto-me frequentemente num caos organizado. E às vezes (poucas) isso agrada-me.
1 - Costumo dedilhar guitarras e tocar pianos imaginários, como se participasse numa banda sonora sem som nem instrumentos.
2 - Distraio-me a observar os outros na rua ou nos transportes ou em salas de espera, quase compulsivamente. Construo histórias sobre quem são, o que são, de onde vêm, para onde vão. Sobretudo se os outros forem giras...
3 - Tenho uma desconfiança imediata em relação às multidões. As multidões são estúpidas, já se sabe. E por isso tenho medo de fazer parte delas.
4 - Não gosto de misturar espaços físico-psicológicos: faz-me impressão ver alguém de roupão e pantufas no meio da rua, não gosto de andar com os sapatos da rua em casa.
5 - Esforço-me por desenvolver metodologias para quase tudo, mas raramente consigo pô-las em prática. Sinto-me frequentemente num caos organizado. E às vezes (poucas) isso agrada-me.